O exame preventivo, também conhecido como "exame de lâmina" ou exame de Papanicolaou, tem a função de detectar as lesões consideradas precursoras do câncer do colo uterino. São lesões com possibilidade de evoluir para o câncer em alguns meses ou anos se deixadas sem tratamento. É neste sentido que ele é considerado preventivo: ao denunciar a existência destas lesões, podemos tratá-las e impedir que evoluam até o câncer. Na maioria das vezes, as alterações do preventivo, são de natureza inflamatória ou infecciosa e podem ser avaliadas durante o exame ginecológico comum e, quando necessário, tratadas pelo médico assistente. São exemplo “cerviciteâ€, “inflamatório leve, moderado ou acentuadoâ€. Também existe uma série de diagnósticos que costumam preocupar a paciente por terem nomes incompreensÃveis para quem não os conhece. Um exemplo é o termo “metaplasia escamosaâ€. Este termo lembra neoplasia, que tem uma conotação de malignidade, mas denomina um processo normal, que toda mulher tem ao longo de dua vida. Procure esclarecer com seu médico assistente. Em algumas mulheres, porém, o preventivo pode detectar uma lesão relacionada ao HPV. Estas lesões são atualmente divididas entre "lesões de baixo grau" (também denominadas LSIL – de Low Grade Squamous Intraepithelial Lesions - ou SIL I, Neoplasia Intra-epitelial Grau I - NIC I, Infecção pelo HPV ou Displasia Leve) e "lesões de alto grau" (também denominadas HSIL – de High Grade Squamous Intraepithelial Lesions - ou SIL II, Neoplasia Intra-epitelial Grau II - NIC II, Neoplasia Intra-epitelial Grau III - NIC III, Displasia Moderada/Acentuada/Carcinoma in situ). Apesar do nome assustador, o carcinoma in situ denota uma lesão pré-maligna e, pela conotação de malignidade do termo “carcinomaâ€, tem sido evitado. As lesões de baixo grau são muito freqüentes e normalmente não oferecem maiores riscos, tendendo ao desaparecimento mesmo sem tratamento na maioria das mulheres. Por este motivo, alguns ginecologistas preferem repetir o exame preventivo em alguns meses. Outros, porém, optam por recomendar a realização de uma colposcopia pela pequena possibilidade de ser encontrada uma lesão de alto grau não suspeitada pelo preventivo. Ambas as abordagens têm vantagens e desvantagens: ao preferir repetir o preventivo alguns meses depois, os médicos evitam a realização da colposcopia em muitos casos, mas pode adiar o diagnóstico de lesões mais graves que possam ter passado despercebidas no preventivo. Esta é a recomendação do Ministério da Saúde do Brasil. Ao encaminhar imediatamente para colposcopia perdem menos diagnósticos, mas submetem mais mulheres a exames que podem mostrar-se desnecessários. Converse com seu médico e exponha suas preferências e expectativas. Já as lesões de alto grau, têm um risco relevante de progredirem para o câncer do colo de útero, caso não tratadas. Por este motivo são também chamadas de lesões precursoras, pré-invasivas ou, simplesmente, pré-malignas. Nestes casos é recomendável realizar uma colposcopia logo que sejam suspeitadas. Também se incluem entre as lesões precursoras do câncer do colo uterino as chamadas neoplasias intra-epiteliais glandulares ou adenocarcinoma in situ. Este grande número de nomes é resultado de várias nomenclaturas que se sucederam ao longo dos anos e cada laboratório ou médico utiliza a que julga mais conveniente ou aquela a que está mais familiarizado. Os termos “carcinoma†e “neoplasiaâ€, indicam malignidade, mas, seguidos dos termos “intra-epitelialâ€ou “in situâ€, indicam que ainda não há caracterÃsticas do câncer. A nomenclatura mais antiga, que classificava o resultado do preventivo em classes já quase não é mais utilizada porque as "classes III e IV" incluem desde lesões pouco importantes (as de baixo grau), até lesões pré-malignas (as de alto grau). Outros diagnósticos possÃveis são ASCUS (Atypical Squamous Cells of Undetermined Significance) e AGUS (Atypical Glandular Cells of Undetermined Significance). Estes diagnósticos refletem dúvida diagnóstica do médico (citopatologista) que examinou o material obtido pelo ginecologista: existem certas alterações celulares, mas não preenchem todos os critérios diagnósticos para sugerirem doença. Assim optam por apontar a dúvida e fica a critério do médico assistente prosseguir na investigação solicitando uma colposcopia ou repetindo o preventivo alguns meses depois. Mais recentemente estes diagnósticos têm sido subdivididos em mais duas subcategorias: “atipias de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas†(ou ASC-US) e “atipias de significado indeterminado, não sendo possÃvel afastar lesão de alto grau†(ou ASC-H). No primeiro caso, as alterações observadas pelo citopatologista parecem estar relacionadas a processos inflamatórios, regenerativos ou até à presença do HPV sem lesão precursora do câncer. Raramente uma estará presente uma lesão pré-maligna. Na segunda possibilidade, o citologista não está seguro quanto à inexistência de uma lesão pré-maligna e é recomendável realizar uma colposcopia em seguida. Outra possibilidade é a sugestão de que existe uma doença maligna (câncer, carcinoma escamoso, adenocarcinoma) no colo uterino. Nestes casos, a colposcopia é imperiosa e pode estar presente uma lesão maligna ou pré-maligna. Nenhum destes diagnósticos do preventivo é definitivo e a conclusão quanto à existência ou não de doenças pré-malignas ou malignas é feita em exame de amostra retirada da área doente (biópsia), visÃvel através da colposcopia, ou, ainda após a retirada de toda a área doente, no caso de lesões que acabam indicando algum tratamento (exérese da zona de transformação ou Cirurgia de Alta Freqüência ou, ainda, conização do colo uterino). |